terça-feira, 1 de dezembro de 2015

passo de poder a erva do diabo

PASSO DE PODER – A ERVA DO DIABO –
pag 171 CAPITULO 11
ed. Record 12ª edição

Dom  Juan  parecia  estar   muito  preocupado,   estado   muito  raro   nele.   Isso naturalmente aumentou   minha   apreensão.   Falou   que   não   tinha   idéia   clara   de  quem  tinha capturado   minha alma,   mas   que,   fosse   quem  fosse,   sem   dúvida   pretendia   matar-   ou   me  tornar   muito   doente.
Então   deu-me   instruções   muito   precisas   sobre   a   "forma   de   luta",   uma   posição   do   corpo específica a ser mantida enquanto ficasse no meu ponto bom. Eu tinha de manter essa posição que ele chamava de forma (una para pelear).
Perguntei-lhe para que  era tudo  isso,  e com  quem eu  ia  lutar .  Respondeu  que  ia partir
para   ver   quem   tinha   capturado   minha   a   alma,   e   ver   se   seria   possível   pegá-la   de   volta.
Enquanto isso, eu devia ficar no meu ponto até ele voltar .  A forma de luta era na verdade uma precaução,   falou,   para   o   caso   de   acontecer   alguma   coisa   na   ausência   dele,   e   tinha   de   ser utilizada   se   eu   fosse   atacado.   Consistia   em   bater   com   a   mão   na   barriga   da   perna   e   coxa direitas,   e   bater   o   pé   esquerdo,   numa   espécie   de   dança   que   eu   tinha   de   executar   enquanto olhava para o atacante.
A visou-me   de  que  a  forma  só  devia  ser  adotada   nos  momentos  de  crise  extrema,  mas
que,   enquanto   não   houvesse   perigo   à   vista,   eu   devia   simplesmente   ficar   sentado   de   pernas cruzadas em meu ponto. Mas em circunstâncias de grande perigo, podia recorrer a um último meio de defesa  - atirar um objeto sobre o inimigo. Disse-me que, em geral, a pessoa atira um objeto de poder ,  mas como eu não possuía nenhum,  era obrigado a usar alguma pedrinha que coubesse   na   palma  de   minha   mão   direita,   uma   pedra   que   pudesse   segurar   na   palma   com   o polegar .   Disse  que essa  técnica  só devia ser  usada se  a  pessoa  estivesse  indubitavelmente em perigo  de  perder  a  vida.  O  lançamento  do  objeto   tinha  de  ser  acompanhado  por  um  brado  de guerra,   um   grito   que   tinha   a   propriedade   de   dirigir   o   objeto   a   seu   alvo.   Recomendou enfaticamente  que  eu  tivesse  cuidado  e  propósito  no  grito  e  não  o  usasse  à  toa,   mas  somente sob "graves condições de seriedade".
Perguntei o que ele queria dizer por "graves condições de seriedade". Respondeu que o
grito ou brado de guerra era uma coisa que ficava com a pessoa por toda a vida; e assim tinha
de   ser   bom  desde   o   princípio.   E  o   único   meio  de   o   iniciar   corretamente   era   conter   o   medo inicial   e  a  pressa,  até  a  pessoa  estar   cheia  do  poder ,   e  então   o  grito  estouraria   com  direção  e poder . Disseque eram essas as condições de seriedade para dar o grito.
Pedi-lhe  que  explicasse   sobre  o  poder  que  devia  encher   a  gente  antes  do  grito.  Falou
que   era   uma   coisa   que   percorria   o   corpo,   vindo   da   terra   onde   a   pessoa   estivesse;   era   uma espécie   de   poder   que   emanava   do   ponto   benéfico,   para   ser   preciso.   Era   uma   força   que impulsionava o grito. Se essa força fosse bem tratada, o brado de guerra seria perfeito.


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